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sexta-feira, outubro 04, 2002

Saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou.

Penso em fazer isso às vezes. Não pelos cigarros, porque eu não fumo, mas pela idéia em si. Deixar tudo pra trás. Ir para um zero absoluto e por lá ficar.
Deve ser bom passar uns tempos pensando na vida em alguma sala asséptica e branca, tão branca que ofusca a visão. E nada se vê alí além de azulejos brancos e o cheiro de éter hospitalar corroendo o nariz. Paranóias à parte, vamos às possibilidades:

Parece que às vezes temos jogadas do destino que nos favorecem de um modo meio duvidoso. O vôo de Fulana de Tal havia atrasado duas horas e ela não poderia mais embarcar. Teria que estar em Teerã, até as 5:30 daquela tarde. Eram 2:00 e o aeroporto só possuia naquele dia aquele vôo, de embarque para seu destino. Iria perder seu emprego, precisava estar lá a tempo. E no final, o que parecia um pequeno contratempo de mau gosto, passa a ser sua única saída. Jogada do destino, sua sorte havia mudado. No mesmo vôo que havia atrasado estavam seus companheiros de guerrilhas e amigas loucas de sua religião. Ficara tão contente, que arrumara um emprego melhor no mesmo vôo. E assim pôde deixar aquele onde mal sabia o que seu destino a esperava logo mais. A casa onde era seu destino fora bombardeada momentos antes de sua chegada. Se o vôo não tivesse atrasado, sua vida não seria mais a mesma. Não seria mais vida.

E por isso, nem precisamos nos preocupar muito afinal... o que pode estar sendo ruim pra você, poderia ser muito pior.

Cabelos azuis 11:16 p.m. °

Apesar de toda a redundância do texto anterior (escrito antes de dormir, com muito sono) ter provavelmente perturbado a sanidade de quem leu, vou botar mais alguma pérola por aqui. Vamos lá. Pirulito que bate bate. :-)

Estou em um bom momento da minha vida. As coisas não estão perfeitas como deveriam, mas nunca estarão, esta é a grande verdade. O mundo não é estático, feito por acontecimentos estáticos e pessoas estáticas e pré-programadas a cumprirem determinado papel. Todos somos imprevisíveis e o mundo se move e modifica muito rapidamente. Por isso, nunca nada será perfeito. Talvez a perfeição esteja justamente dentro desta imperfeição gigante. Como um fractal imperfeito. É possível que um momento radiante de felicidade extrema possa se tornar um pesadelo concreto de uma hora pra outra. Quem sabe?
Mas é tudo muito mágico e fascinante. Mesmo as "bombinhas" do dia-a-dia, o stress do cotidiano. Pessoas andam como formiguinhas nesse mundo neurótico, com seus pensamentos caóticos, no calor do asfalto. Precisam de manutenção constante de seus psiquiatras, pois suas vidas passam a deixar de fazer sentido. O mundo roda em torno do capitalismo e as pessoas precisam se manter. E ficam pensando no futuro deixando de viver o presente e, depois saem em busca de suas verdades esquecidas.
Quem sabe do futuro? Será que haverá um futuro? O que o mundo nos reserva? O futuro e o destino nos esperam?

O que apenas representa que somos uma espécie em auto-destruição. Não em relação ao poder bélico, nuclear e destrutivo do ser humano, mas sim, do poder que nós temos de nos auto-extingüir, cada um a si próprio, como indivíduos. A cada dia morremos um pouco, mas vamos morrendo no espírito. Um dia as coisas passam a não fazer mais sentido como antes e passamos a deixar de ter nossos sonhos, ou morrer antigos sonhos, sem que os realizemos.
O tal do brilho no olhar. Foda. No momento que passamos a existir apenas pela própria sobrevivência e pelas superficialidades da vida, como máquinas moedoras de cana, pré-destinadas a cumprir seu papel pré-estabelecido e premeditado, acaba tudo. Acaba-se a graça da vida. Não podemos fazer isso conosco.

Quando o patamar de sofrimento e dores chega a um nível insuportável e superamos tudo isso e todas as atrocidades que passamos, podemos olhar pra tudo isto, crer que existe alguma coisa boa para ser levada conosco, e vemos o mundo de outra maneira, com novos olhos. E as flores fazem sentido então. Não serão apenas plantinhas que nascem, crescem e morrem, e sim, uma fonte de beleza que pode ser contemplada e admirada. Talvez elas nos mostrem alguma coisa então, pra que vieram ao mundo.
E poxa, se não se vê beleza nas flores e nas pequenas coisas, a vida de quem apenas existe deste modo é cinza e gélida.
Não que eu não goste de frio, pelo contrário. É só uma metáfora, vocês entenderam.

Bom, talvez eu seja uma boa psicóloga. Começo a analisar bem as pessoas, fazendo-lhes diagnósticos esdrúxulos. Talvez eu tenha mesmo a loucura necessária para tal função. Porque entender as pessoas é difícil, mas podemos entender perfeitamente algumas e podemos saber o que pensam, ou imaginar o que se passa pelas suas cabeças atordoadas. Bom que cheguem ao ápice do sofimento e não sucumbam à dor extrema. E depois disso tudo, fica fácil fácil ser um bom intérprete da alma humana.
Não dá porém pra amenizar o sofrimento de ninguém. Apenas entender como funciona isso tudo.

E que movam-se as engrenagens do mundo, pois tô seguindo em frente. Meditando e surtando com a minha robotização precoce.

Cabelos azuis 12:54 a.m. °

quinta-feira, outubro 03, 2002

>> Escrito às 5:30 da manhã num bloquinho de papel reciclado.

A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer.

   Mario Quintana


Essa eu achei num livro de português, na parte de gramática. Agora, o que eles queriam expôr eu não sei, nem vi o resto... Mas é uma boa frase essa do Quintana.


Tenho a impressão de ter visto um realejo esses dias, mas não me lembro onde foi e nem com quem. Ou se foi sonho. Mas me lembro de ter visto, um realejo com seu passarinho tirador de papeizinhos da sorte. E eu fiquei com vontade de ir lá pra saber minha sorte. Porque por mais singelo que seja, é muito bacana ver o passarinho tirando um papelzinho pra você, por mais bosta que isso pareça. Lembra a minha infância, e a velha profissão dos realejos à tanto tempo esquecida.

É bom saber que ainda existem. Mesmo sendo certa maldade com o pobre do bicho, obrigado a bicar um papelzinho qualquer enquanto o cara toca aquela música na caixa com manivela. Que lembrança boa. Gostaria de ter guardado os meus papeizinhos da infância. Deviam ser interessantes. O que será que eles diziam?
Isso me remete à um pensamento tosco e popular: azar no jogo, sorte no amor. Pelo menos eu nunca ganhei no bingo. =o)

Cabelos azuis 11:08 p.m. °

quarta-feira, outubro 02, 2002

A moda dos blogs parece que cresce a cada dia. Cada vez mais encontro novos blogs, a maioria com assuntos estúpidos, mas no meio sempre encontro alguma coisa que se salva. É bom para conhecer pessoas interessantes, com certo talento para a dissertação de suas vidas, ou com um bom pensamento expresso em palavras.
Palavrinhas são como massinha de modelar, você vai moldando, moldando, até chegar à forma final. De acordo com o que você quer. Claro que é preciso um certo talento pra chegar à forma final do modo que se queira e também a qualidade de saber o que escrever.

Impressiona a quantidade de blogueiros brasileiros no Blogger.com, apesar da versão nacional do mesmo já estar disponível há certo tempinho. Cada vez mais o vício da livre escrita parece contaminar as pessoas. Mesmo as que não sabem escrever lá muito bem. Se funcionar como ferramenta de auto-conhecimento, disseminação de cultura e informação, é realmente algo admirável. Sei que não estou contribuindo muito para a "nação blogger" com meus pensamentos sem nexo e altamente dispensáveis, mas pelo princípio e intenção original do mesmo ser um diário pessoal na web, registro de acontecimentos de quem escreve, então, acho que só estou fazendo mesmo o que todas as pessoas normais estão fazendo quando digitam seu nome de usuário e senha na página inicial do site.

Porém, ainda me resta separar bem o joio do trigo e apenas degustar o que realmente é de bom proveito.
Óbvio que um blog como este, com conteúdo pessoal-psicodélico-antropofágico-surrealista não é um exemplo de sucesso literário na web, pois ainda a maioria prefere o bom consumismo barato, escolhendo apenas peças do vestuário que possam iluminar seus decotes. Vamos então ficando com as bizarrices do cotidiano comum, com as pequenas "indecências" particulares, que vão envolvendo as pessoas em seus tabus e fantasias inconscientes. Como teias de aranhas, que prendem a vítima desavisada para que sua proprietária possa dar o bote certeiro e fatal.

Não porei aqui iscas para o consumismo porco. Não escreverei sobre sexo e tampouco colocarei fotos para o povo delirar com suas "big opiniões". Me contento com uma ou duas pessoas de bom senso, de bom gosto, de personalidade forte e alguma percepção além do senso comum, pois elas são bem vindas e fazem das minhas palavras um motivo a mais para permanecer nestes delírios conscientes, desde que me faça entendida. Sei que é provável que alguém me entenda, porque é de onde procuramos pessoas de pensamento paralelo, do meio do caos e da ignorância e letreiros de neon.

E la passion de Blue Hair faz parecer com que o mundo é bacana, com muita música e bocas ardentes em batom vermelho e goles de vinho tinto.

Cabelos azuis 6:05 p.m. °

Não ia dizer nada por enquanto, pela minha falta de assunto momentânea. Mas preciso fazer as palavras deslizarem um pouquinho pelo template de peixinhos. Só um pouquinho... bom demais escrever.
Mas o sono está me vencendo. Então, voltarei mais tarde para alguma reflexão absurda.

Cabelos azuis 5:16 a.m. °

domingo, setembro 29, 2002

É muito bom estimular as pessoas a lerem algo bom e conhecerem o mundo fascinante da literatura. Não é necessário fazer com que ela leia os "clássicos" pra apreciar a leitura. Mas uma leitura inteligente e agradável é sempre um bom começo. E temos tantas opções boas...
Pena os livros serem artigo de luxo para muita gente. Realmente o preço não é dos melhores para itens indispensáveis como estes... Livros são amigos, companheiros.

E como é bom poder emprestar um livro e depois ver o quanto a pessoa gostou. É uma alegria extra. E depois, podemos conversar sobre o conteúdo. Só não tem assunto quem não lê. Tenho muito o que ler ainda... são diversos títulos à minha espera. Aos poucos espero poder realizar esses pequenos desejos, de ler aqueles livros de bonitas capas que estão na livraria tão atraentes na prateleira. Ainda chego lá.

Cabelos azuis 1:30 a.m. °